Profissionais se reúnem em prol do Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita
A Secretaria da Saúde (Sesa), por meio da Subsecretaria de Planejamento e Transparência da Saúde (SSEPLANTS), realizou, na última quarta-feira (03), a quarta reunião do Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita no Espírito Santo. O encontro teve a participação das referências técnicas estaduais e municipais, com participação por videoconferência.
O subsecretário de Estado de Planejamento e Transparência da Saúde, Francisco José Dias da Silva, falou sobre a importância da retomada do Plano Estadual, em abril de 2024, e das reuniões mensais que são realizadas com os municípios. “Os encontros são primordiais, pois cada um deles permite criar uma nova agenda de encaminhamentos e as intervenções necessárias para enfrentar os desafios que ainda se apresentam em relação à sífilis”, destacou.
Segundo o subsecretário, trata-se de um esforço a médio e longo prazos para que o que está sendo desenhado tenha o efeito desejado. “A gente planeja alcançar o objetivo de agir lá na ponta, onde está o médico, o enfermeiro, ou farmacêutico, o agente comunitário, porque são eles que realizam o pré-natal e é exatamente nesse momento que o protocolo precisa ser cumprido de forma eficaz para que possamos enfrentar esse cenário. Para isso, precisamos do apoio dos 78 municípios, dos conselhos de classe, entre outros”, frisou Silva.
No Espírito Santo, em 2024, foram notificadas 4.212 pessoas com sífilis adquirida, 1.379 gestantes com sífilis e 384 casos de sífilis congênita (que pode resultar em aborto, sequelas e até óbito do bebê). Os dados são de até o dia 30 de junho deste ano.
O objetivo do Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita no Espírito Santo é, por meio de todos os dados coletados, reduzir o número de casos da doença, que está mais alto do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 0,5 casos por mil nascidos vivos. A meta é reduzir essa incidência para 2,3 por mil nascidos vivos até 2027 e alcançar o índice estabelecido pela OMS até 2030, um cenário que não é exclusividade do Espírito Santo, mas do Brasil de uma forma geral.
A importância do pré-natal
“Gostaria de destacar que quando temos um número grande de sífilis nos municípios, isso não quer dizer necessariamente que essa assistência esteja prejudicada. Os pacientes estão sendo captados, recebendo o diagnóstico e notificados, mas quando resulta em sífilis congênita, isso indica que ocorreu falha no pré-natal. É fundamental agir antes que chegue a esse ponto. A sífilis pode levar a graves consequências, mas tem diagnóstico, tratamento e cura. É um trabalho que só dá certo se for integrado e realizado em equipe”, salientou a médica e referência da Coordenação Estadual de IST/Aids da Secretaria da Saúde, Bettina Moulin.
Quando os dados mostram que mais de 80% das gestantes realizaram o pré-natal, isso indica que ela teve acesso à Unidade Básica de Saúde (UBS). Dentro desse cenário, 65% tiveram o diagnóstico de sífilis adquirida ainda no pré-natal, mas 17% obtiveram um tratamento adequado, 39% inadequado e 31% não realizado. “Um tratamento adequado é quando essa gestante o inicia com até pelo menos 30 dias antes do parto, faz uso da penicilina benzatina e respeita o número e o intervalo entre as doses, que deve ser a cada sete dias. Ter essa conscientização e seguir o protocolo é primordial para o sucesso que leva à cura”, pontuou Bettina Moulin.
Outro dado relevante, além de um agravante, segundo Bettina Moulin, é a importância da conscientização em relação à parceria sexual, onde 53% não realizam o tratamento concomitante com a gestante e só 18% o fazem. A médica destaca ser primordial que a parceria sexual complete o ciclo de tratamento, evitando assim a possibilidade de reinfecção, ou seja, uma pessoa que já tratou pegar novamente a doença, por meio da pessoa que não se tratou.
“A população precisa entender que o único tratamento eficaz para as gestantes com sífilis é a penicilina benzatina, além da conscientização da parceria sexual que também precisa se tratar ao mesmo tempo. Outra coisa importante, é desmistificar o medo da possibilidade de alergia em decorrência da medicação. Isso é muito raro. É mais fácil, por exemplo, ter alergia a frutos do mar e nozes. Além disso, as doses podem ser aplicadas com um anestésico para reduzir a dor e deve ser aplicado na Unidade Básica de Saúde”, disse Bettina Moulin.
Experiência em São Gabriel da Palha
A enfermeira Juliana Peterle De Nadai, coordenadora do Serviço de Assistência Especializada (SAE-CTA) do município de São Gabriel da Palha, ressaltou em sua apresentação que o maior desafio foi desmistificar a proibição da aplicação da penicilina benzatina pelo profissional enfermeiro da Atenção Primária à Saúde (APS).
“Foi, por meio da educação permanente, que ocorreu a sensibilização de que o procedimento pode e deve ser feito pela APS. Percebemos que só enviar a Nota Técnica não iria resolver. E isso foi essencial. Esse trabalho ainda continua, pois essa dinâmica possibilita levar um maior conhecimento dos protocolos clínicos necessários para o enfrentamento da doença, tanto em relação à farmacologia quanto no que se refere à insegurança na prescrição, além de acabar com o estigma de que a aplicação da penicilina benzatina é exclusiva dos ambientes hospitalares e com a supervisão de um profissional médico”, acrescentou Juliana Peterle De Nadai.
Ela explicou que, ao quebrar a barreira de acesso do tratamento, trazendo-o para dentro do território do usuário, isso ajudou a aumentar a adesão por um tratamento mais adequado e oportuno, em que cada município pode desenvolver suas estratégias. “Em São Gabriel da Palha, criamos nossa metodologia, dentro de nossa realidade. O município institucionalizou uma folha que traz o nome da pessoa, a prescrição e a forma de distribuição das doses de penicilina benzatina, com anestésico. Daí em diante, os profissionais negociam com o paciente qual o melhor dia da semana para fazer a aplicação e define as datas posteriores, sendo que as gestantes iniciam o tratamento no mesmo dia”, disse a enfermeira.
Além disso, explicou Juliana Peterle De Nadai, o território conta com um ‘painel’ mensal informando quem está tratando sífilis e vai assinalando se a pessoa compareceu para tomar as doses. “Em caso de falta, iniciamos uma abordagem mais direta e isso tem sido fundamental. Acho que a falta da pessoa na aplicação das doses está muito relacionada à abordagem inicial, a um acolhimento qualificado e bem feito na primeira dose. O nosso resultado tem sido muito positivo seguindo essa linha”, complementou.
Fique atento: “Sífilis, você pode ter e não saber”
A sífilis tem diagnóstico, tratamento e cura, porém a pessoa pode ter e não saber, por isso é importante realizar o teste rápido na UBS mais próxima da sua casa;
Em caso de resultado positivo, realize o tratamento até o final, seguindo todas as orientações passadas pelo profissional de saúde;
Além da pessoa infectada, a parceria sexual também precisa realizar o teste e tratamento;
Nas relações sexuais, usar os preservativos penianos e vaginais;
As gestantes precisam realizar o pré-natal logo no início da gestação e realizar o teste para caso seja positivo iniciar imediatamente o tratamento, garantindo assim a proteção da criança. Mães com diagnóstico positivo e tratamento durante a gestação raramente transmitem para o bebê, evitando desta forma abortamento, sequelas e até o óbito do bebê. No caso do homem, ele também deve realizar os exames, o “pré-natal do homem”.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Syria Luppi / Luciana Almeida / Danielly Campos / Thaísa Côrtes / Ana Cláudia dos Santos
asscom@saude.es.gov.br
Assessoria de Comunicação – Superintendência da Regional Metropolitana de Saúde
Rachel Martins
rachelmartins@saude.es.org.br
Fonte: SESA divulga Profissionais se reúnem em prol do Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita. Disponível em:<https://saude.es.gov.br/Not%C3%ADcia/profissionais-se-reunem-em-prol-do-plano-estadual-de-enfrentamento-da-sifilis-congenita>.Acesso em: 17 jul. 2024.